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segunda-feira, abril 18, 2011

Homenagem aos trabalhadores - 1.º de Maio

FICÇÃO:
Vamos La?... Vamos Lá?... Ninguem terminava a frase, não era necessário.
Todos sabiam do que se tratava, era o primeiro de Maio.
Iam encolhidos, com medo é certo, e não era por não se terem preparado.
Mas, depois ao chegaram ao sítio do ajuntamento, e verem que eram mais de
trezentos, perderam logo o medo.
Os polícias também eram outros trezentos.
António, saiu dali mal tratado com um braço partido.
Hoje, nesse mesmo dia, senta-se em frente da televisão com um prato de sopa,
para ouvir discursar o filho, que começa sempre assim:

Foi aqui, neste lugar, que os nossos pais estiveram há mais de trinta
anos…
A António fez-se-lhe um nó na garganta que não o deixa engulir a sopa. Pára um
pouco para se recompor.
A mulher voltara á cozinha nem sei porquê.
 - Ah Maria?, Anda ouvir o nosso filho. Ela não vem e a reportagem continua.
Miguel, o neto está de costas a brincar com uns carritos.
António olha para o neto, e este fez um sorriso.
é graças a eles que hoie estamos aqui em liberdade -
Terminava assim a intervenção do filho.
- Ah Maria!, porque não vieste a ouvir, quando eu te chamei?
- Queria que tu vivesses essas sensações só, como tantas vezes,
noutros tempos eu as vivi.
Era o segundo turbilhão de emoções que hoje vivia, e desta segunda,
não estava António á espera.

Válter Deusdado

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